Dia Mundial dos Pobres: Lançamento da Campanha “10 Milhões de Estrelas”
O bispo do Algarve pediu ontem “uma maior sensibilização e um maior apoio” para com aqueles que estão a sofrer com mais uma crise.
D. Manuel Quintas referiu-se a “uma vaga grande de gente pobre”, vítima da atual situação económica mundial provocada, sobretudo, pela guerra na Ucrânia.
Na Eucaristia a que presidiu na igreja de São Brás de Alportel por ocasião do VI Dia Mundial do Pobre que ontem se assinalou, aquele responsável pediu aos católicos que se sensibilizem com aqueles que precisam de ajuda, os que “não têm o suficiente para aquilo que são as necessidades essenciais”. “Este é um dia de sensibilização e de mobilização também. Temos de ter os pobres como prioridade não apenas na nossa oração, mas também na nossa ação”, afirmou.
Lembrando aqueles “que não conseguem, apesar do esforço e devido a tantas situações, o necessário para viver”, lamentou “esta guerra que não acaba, que é sempre nefasta, que faz sempre pobres e mais pobres e obriga a sofrer, sobretudo, os mais frágeis, os idosos, as crianças”. “Improvisamente chegou esta guerra e este povo martirizado despertou a solidariedade de tanta gente a nível mundial”, referiu sobre a guerra na Ucrânia, lembrando “tanta gente a deixar a sua casa, a sua terra, o seu país e a ter de ir para outro que não conhece”.
D. Manuel Quintas disse ser “novamente uma vaga grande de gente pobre que entra dentro desta classificação da pobreza”. “E alguns, mesmo trabalhando, o que tiram do trabalho não é suficiente para sustentar a família e para pagar os encargos. Nós sabemos o que é que a inflação está a fazer”, prosseguiu.
O bispo diocesano lembrou que “a Cáritas [do Algarve] aumentou a assistência em 45%” e disse que “isso pode ser comprovado pelas Cáritas paroquiais e pelos grupos sóciocaritativos das paróquias”. “Se isto nos assusta e nos perturba, ainda nos perturba mais as prateleiras estarem vazias, não haver com que socorrer porque esgotaram tantas reservas que havia”, lamentou.
D. Manuel Quintas pediu então “uma maior sensibilização e um maior apoio” na campanha de Natal da Cáritas ‘10 milhões de Estrelas – um Gesto pela Paz’ que ontem foi apresentada a nível nacional. “Podeis crer que aquele quilo de arroz, de massa, aquela lata é uma ajuda muito grande para quem necessita”, afirmou, referindo-se aos alimentos que são comprados pela Cáritas com os fundos que revertem da campanha natalícia. “Estou certo de que em todo o Algarve vai haver maior generosidade também neste aspeto”, completou.
Este ano, os fundos angariados no Algarve com aquela iniciativa reverterão em 80% para a ação da Cáritas Diocesana e em 20% para o fundo de resposta a situações provocadas por alterações climáticas em países lusófonos. A Cáritas “propõe a todos os portugueses uma adesão simbólica aos valores da paz, associados à vivência do Natal, pela aquisição de uma “vela estrela” branca ou vermelha, no valor de 2 euros.
O bispo do Algarve advertiu que as instituições de apoio social como a Cáritas “representam”, mas não “substituem” o que cada um deve fazer. “Ajudar os pobres, os outros, é pessoal, indelegável, não podemos delegar noutros”, alertou, sublinhando que as instituições apenas “coordenam as ajudas” e representam aqueles que ajudam junto do pobre.
Na Missa, que contou com a renovação do compromisso da direção da Cáritas Diocesana do Algarve, o presidente daquela instituição deixou uma mensagem ao grupo de 17 jovens que tinha acabado de ser crismado pelo bispo do Algarve. “Não deixem a vossa fé ser uma fé morta, mas uma fé viva. Que, com obras, possamos mostrar à sociedade que a nossa Igreja vive e vive para todos, principalmente para os mais necessitados”, pediu Carlos de Oliveira.
“Não deixeis de ajudar a vossa Cáritas Paroquial. Colaborai com ela porque é uma boa ajuda para todos aqueles que, na área desta comunidade paroquial, têm dificuldade. É uma boa altura também hoje de iniciarmos todos esta participação com a caridade porque lançamos a campanha ‘10 Milhões de Estrelas’ e com a aquisição da vela e estamos a ajudar, através da Cáritas, aqueles que mais precisam”, prosseguiu.
Fonte: Folha do Domingo